Como implantar um setor financeiro na sua clínica médica: conceitos e ações
Se você deseja manter suas operações funcionando de maneira eficiente, equilibrar receitas e despesas e planejar investimentos futuros com segurança, um caminho é estruturar um setor financeiro na sua clínica médica. Para tal, este post mostra conceitos, ações e benefícios de implantar essa área no seu negócio. Acompanhe!
Conceitos básicos de finanças para clínica médica
O primeiro passo para estruturar um setor financeiro na sua clínica médica é compreender conceitos básicos de finanças.
Receita
Total de dinheiro que a clínica gera a partir dos serviços, como consultas, procedimentos, exames e venda de produtos, incluindo medicamentos. Por exemplo, se uma clínica realiza 100 consultas em um mês, cada uma custando R$ 200, a receita gerada será de R$ 20.000.
Custo
Refere-se às despesas incorridas para oferecer os serviços da clínica, salários, aluguel do espaço, contas e compra de materiais. Dito isso, se a clínica gasta R$ 10.000 em salários e R$ 5.000 em materiais, o custo total seria de R$ 15.000.
Lucro
É o que sobra da receita após a dedução de todos os custos, indicando se a clínica está operando de forma lucrativa. Sendo assim, se arrecadou R$ 20.000 em receita e teve R$ 15.000 em custos, o lucro seria de R$ 5.000. Esse valor pode ser reinvestido, usado para pagar dívidas, distribuído entre os proprietários, etc.
Dica: sabia que a forma como estrutura a jornada do paciente pode influenciar na lucratividade da sua clínica?
Fluxo de caixa
Trata-se do movimento de entrada e saída de dinheiro na clínica. Possibilita entender a liquidez do negócio, ou seja, a capacidade de pagar despesas à medida que surgem. É positivo quando está entrando mais dinheiro do que saindo, pois a clínica consegue honrar suas obrigações financeiras, como pagar fornecedores e salários.
Por exemplo, se a clínica recebe pagamentos à vista de pacientes, mas tem que pagar seus fornecedores em 30 dias, ela precisa monitorar o fluxo de caixa para garantir que terá dinheiro suficiente para essas despesas.
Despesas fixas e variáveis
Despesas fixas são aquelas que não mudam com a quantidade de serviços prestados, incluindo aluguel e salários. Já as despesas variáveis mudam de acordo com o volume de pacientes ou procedimentos, por exemplo, a compra de materiais médicos.
Margem de lucro
É a relação entre o lucro e a receita, expressa em percentual. Indica a eficiência da clínica em gerar lucro a partir de suas receitas. Por exemplo, se uma clínica tem uma margem de lucro de 25%, significa que, para cada R$ 100 de receita, R$ 25 são lucro. A precificação dos serviços médicos impacta diretamente na margem de lucro.
Ponto de equilíbrio
Nível de receita necessário para cobrir todos os custos da clínica, sem gerar lucro ou prejuízo. É um indicador para entender quanto a clínica precisa faturar para não operar no vermelho. Logo, se os custos fixos e variáveis totalizam R$ 15.000, o negócio precisa gerar pelo menos esse valor em receita para alcançar o ponto de equilíbrio.
Diferença entre setores contábil e financeiro
Uma vez apresentados conceitos básicos de finanças, é importante compreender a diferença entre os setores contábil e financeiro. Desse modo, você terá clareza sobre o que cabe ou não para estruturar o setor financeiro na sua clínica.
A contabilidade visa garantir conformidade com as normas contábeis e fornecer informações para a tomada de decisões estratégicas. Para isso, registra, classifica e analisa as transações financeiras da clínica. Também elabora demonstrações financeiras, apura impostos e atua para o cumprimento das obrigações legais.
Por sua vez, o setor financeiro tem como objetivo o uso eficiente do dinheiro, gerindo os recursos financeiros para a liquidez e rentabilidade da clínica. Assim, o negócio tem recursos suficientes para operar e crescer. Suas atividades incluem planejamento financeiro, gestão de fluxo de caixa, análise de investimentos e financiamento de operações.
Tal como a gestão, que exerce diversos papéis na clínica médica, contabilidade e financeiro atuam em conjunto, mas são áreas diferentes.
Estruturando o setor financeiro da sua clínica médica
Agora que compreendemos alguns conceitos básicos de finanças aplicados ao contexto de clínica médica, vamos discutir sobre os passos concretos para a criação de uma área financeira para o seu negócio.
Como deve ser o perfil profissional do responsável financeiro?
O responsável financeiro da clínica médica deve ser um profissional com formação em Administração, Contabilidade ou Economia e experiência prática em gestão financeira, de preferência no setor de saúde.
Além disso, suas competências devem incluir habilidades analíticas, atenção aos detalhes, organização, comunicação, negociação e visão estratégica para identificar oportunidades de otimização e crescimento. Um diferencial seria já estar familiarizado com as particularidades do mercado de saúde, como a gestão de convênios e regulamentações específicas.
Como escolher um sistema de gestão financeira?
Na escolha de ferramentas de gestão financeira, é importante entender que não existe um sistema universalmente ideal. O melhor aplicativo é aquele que atende às necessidades específicas da clínica.
Algumas ferramentas proporcionam uma visão integrada das finanças, com controle de fluxo de caixa, emissão de boletos, gestão de contas a pagar e a receber e integração com plataformas de pagamento e bancos. Outras podem ser mais específicas para clínicas médicas, oferecendo módulos para gestão de convênios, controle de estoque de materiais médicos e cálculo de impostos.
Dito isso, para escolher um sistema financeiro, o ideal é listar as suas necessidades, pesquisar os softwares disponíveis no mercado, apurar quais estão mais alinhados com seus objetivos, avaliar a relação entre custo e benefício, testar e, enfim, aderir à ferramenta que melhor atenda sua clínica.
No geral, o sistema escolhido deve facilitar a rotina financeira, automatizar processos e fornecer relatórios claros para a tomada de decisões.
Quais indicadores financeiros acompanhar?
Para cumprir a função de otimizar o uso do dinheiro na clínica, cabe acompanhar diversos indicadores financeiros da clínica. Estes são alguns:
- Mão de Obra Direta (MOD): custo direto dos profissionais, para entender a relação entre custo de pessoal e faturamento.
- Materiais Médicos (MatMed): controle dos gastos com materiais médicos, para evitar desperdícios e garantir margens adequadas.
- Impostos: acompanhamento da carga tributária da clínica para otimizar o planejamento fiscal.
- Taxa de cartão: taxas cobradas pelas operadoras de cartão de crédito, para otimizar os recebimentos e negociar melhores condições.
- Premiação e bonificação: análise do impacto na motivação da equipe e nos resultados financeiros.
- Reserva de emergência: reserva financeira para imprevistos, a fim de continuar as operações em momentos de crise.
Existem outros indicadores financeiros, como fluxo de caixa, investimentos e despesas. Sabendo disso, o profissional responsável pelo financeiro da clínica ajudará a determinar o que é prioridade para monitorar.
Rotinas financeiras a se implantar
Aqui estão algumas rotinas que o setor financeiro da sua clínica médica deve realizar periodicamente:
- Fechamento de caixa: realizado diariamente, certifica que se registraram corretamente todos os recebimentos e pagamentos do dia.
- Contas a pagar e a receber: acompanhamento para evitar atrasos e multas, bem como cobrar e receber dentro dos prazos.
- Conciliação de cartão de crédito: verificação se os valores recebidos da operadora estão corretos.
- Conciliação bancária: conciliação mensal das movimentações bancárias com os registros internos da clínica para evitar divergências.
- Repasses: gerenciamento dos repasses de honorários aos médicos e prestadores de serviço.
- Relatórios financeiros: periódicos e detalhados para analisar o desempenho e tomar decisões estratégicas, como Demonstração de Fluxo de Caixa, produtividade e ticket médio.
Regime tributário da clínica médica
Em atuação conjunta entre setores financeiro e contábil, define-se, conforme a realidade da clínica médica, qual o regime tributário mais vantajoso.
Simples Nacional
Regime simplificado para micro e pequenas empresas, com pagamento unificado de impostos federais, estaduais e municipais. Proporciona menor carga tributária e facilidade no cumprimento das obrigações fiscais.
Lucro presumido
Regime no qual a base de cálculo do Imposto de Renda sobre Pessoas Jurídicas (IRPJ) e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) é uma porcentagem predeterminada da receita bruta, presumindo-se o lucro da empresa. Oferece menor complexidade e carga tributária, em comparação com o lucro real, se a margem de lucro efetiva for maior que a presumida.
Lucro real
Regime em que se calculam o IRPJ e a CSLL sobre o lucro efetivo da empresa, após todas as despesas dedutíveis. É mais indicado para empresas com margens de lucro menores, pois se paga o imposto sobre o lucro efetivo.
Livro-caixa
Ferramenta usada por profissionais autônomos para registrar receitas e despesas relacionadas à atividade profissional, permitindo deduções na base de cálculo do Imposto de Renda sobre Pessoa Física (IRPF), como aluguel e salários de empregados, o que reduz o imposto a pagar.
Conclusão
Neste post, você aprendeu um pouco sobre conceitos e ações para estruturar uma área financeira na sua clínica médica. Naturalmente, a aplicação prática dessas ideias demanda outras questões não mencionadas aqui, fora os imprevistos que podem surgir.
Por isso, o cenário ideal é estruturar o setor financeiro com a ajuda de uma consultoria especializada. Nesse sentido, o Seven Signature, programa de gestão por assinatura da Seven Gestão, ajuda em todas as etapas.
Você recebe orientação e acompanhamento constante de consultores em todas as etapas desse projeto. Logo, desde as orientações para a contratação de pessoal, neste caso o profissional responsável pela área financeira, até a efetiva estruturação dessa área na sua clínica.
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